quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Morfossintaxe em textos literários


Bom dia, pessoal

Resolvi utilizar o texto da Clarice Lispector como prática para os estudos da morfossintaxe e outros aspectos linguísticos.Elaborei alguns itens e a pessoa terá que verificar se procedem as afirmações abaixo. 
O importante é observar cada item , fazer uma leitura bem aprofundada e ter atenção na hora de responder.

Boa sorte!
Bons estudos!

Texto para responder aos itens de 01 a 17

                                                                                                                       Clarice Lispector

Às vezes, quando vejo uma pessoa que nunca vi, e tenho algum tempo para observá-la, eu me encarno nela e assim dou um grande passo para conhecê-la. E essa intrusão numa pessoa, qualquer que seja ela, nunca termina pela sua própria autoacusação: ao nela me encarnar, compreendo-lhe os motivos e perdoo. Preciso é prestar atenção para não me encarnar numa vida perigosa e atraente, e que por isso mesmo eu não queira o retorno a mim mesmo.

 Um dia, no avião... ah, meu Deus – implorei – isso não, não quero ser essa missionária!

Mas era inútil. Eu sabia que, por causa de três horas de sua presença, eu por vários dias seria missionária. A magreza e a delicadeza extremamente polida de missionária já me haviam tomado. É com curiosidade, algum deslumbramento e cansaço prévio que sucumbo à vida que vou experimentar por uns dias viver. E com alguma apreensão, do ponto de vista prático: ando agora muito ocupada demais com os meus deveres e prazeres para poder arcar com o peso dessa vida que não conheço – mas cuja tensão evangelical já começo a sentir. No avião mesmo percebo que já comecei a andar com esse passo de santa leiga: então compreendo como a missionária é paciente, como se apaga com esse passo que mal quer tocar o chão, como se pisar mais forte viesse prejudicar os outros. Agora sou pálida, sem nenhuma pintura nos lábios, tenho o rosto fino e uso aquela espécie de chapéu de missionária. (Clarice Lispector, Encarnação involuntária. Felicidade clandestina.)Texto usado no Concurso da Prefeitura Municipal de Ferraz de Vasconcelos, São Paulo.

Julgue os itens a seguir:
01.    O vocábulo “quando” (1ºparágrafo) tem um caráter temporal e pode ser substituído por “embora” por essas duas palavras possuírem valores semânticos equivalentes.
02.    Seria mantida a correção gramatical caso a palavra “autoacusação” (1º parágrafo) fosse também grafada com hífen.
03.    A forma ”perdoo” (1º parágrafo) antes do Novo Acordo Ortográfico era grafada com acento circunflexo na segunda vogal do hiato. Atualmente, são grafadas sem acento as palavras que estão nessa mesma regra.
04.    Em “Mas era inútil (3º parágrafo), a oração tem valor adversativo e é introduzida por uma conjunção subordinativa adversativa.
05.    .Em “... era inútil” (3º parágrafo), a forma verbal grifada está no pretérito perfeito do modo indicativo.
06.    N a oração “... já me haviam tomado.” (3º parágrafo), o verbo haver é impessoal.
07.    Na frase “... sucumbo à vida...” (3º parágrafo) , o sinal indicativo de crase é facultativo.
08.    Há presença de pronome relativo na oração “... que vou experimentar...”, (3º parágrafo) ,classificando-se como oração subordinada adjetiva restritiva.
09.    Na expressão “... mas cuja tensão evangelical...”(3º parágrafo) o vocábulo “cuja” é um pronome relativo com função sintática de adjunto adverbial.
10.    “...que já comecei a andar...”  (3º parágrafo) é uma oração substantiva que desempenha função  de objeto direto.
11.    Em “... observá-la (1º parágrafo), o termo destacado funciona como objeto indireto, sendo, morfologicamente, classificado como pronome pessoal do caso reto.
12.    No período, “Às vezes, quando vejo uma pessoa que nunca vi...” (1º parágrafo),as formas verbais estão no mesmo tempo, no mesmo modo e na mesma pessoa.
13.    O predicado classifica-se como verbo-nominal na frase “... ando agora muito ocupada...” (3º parágrafo), pois possui dois núcleos: o verbo e o adjetivo.
14.    No período “...eu me encarno nela e assim dou um grande passo...”. (3º parágrafo) , a segunda oração possui valor de conclusão.
15.     A oração  “ ... para não me encarnar numa vida perigosa e atraente...” (1º parágrafo) expressa valor de concessão.
16.    “... com os meus deveres”, (3º parágrafo) é um objeto indireto, pois vem introduzida pela preposição “com”.
17.    As vírgulas são obrigatórias em  “..., por causa de três horas de sua presença”, destacando o adjunto adverbial deslocado.

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