O ano começou e com grandes listas e com muitas esperanças em meu coração.Sim, quando todo ano inicia, tenho comigo sempre a noção de que terei dias bem melhores ou ajudarei muitas pessoas ou até mesmo conhecerei muita gente com um trabalho de auxiliar os mais necessitados. Isso me ajuda a vivenciar novas fases e saber os meus limites, isto é, até aonde posso chegar.
Deus sempre nos oferece, a cada ano, um livro com 365 páginas em branco.O teor só cabe a nós completá-lo.Podem ser páginas de alegria, entretanto haverá também, aquelas de tristeza,de indisposição, de desesperança e de cansaço.Mas é assim que a vida prossegue: cheia de altos e baixos.Compete, portanto, a cada um de nós, aproveitar cada um desses momentos bons ou ruins.
Na minha mente, jamais devemos ficar no chão, após a primeira queda.É como diz o ditado: "LEVANTA, SACODE A POEIRA E DÁ A VOLTA POR CIMA." Temos que aprender com nossas quedas e fazer disso o incentivo para novas mudanças e tomadas de decisão.Viver a vida com otimismo e sabedoria nos eleva, nos enobrece porque somos humanos e temos que aprender com nossos erros.
Portanto, pessoal, trago aqui a mais pura poesia escrita por um grande poeta de minha lista de mais consagrados da Literatura brasileira, Carlos Drummond de Andrade.Eis a receita para se viver bem cada dia do ano de 2019.Que venham novos tempos, nova vida, boas novas a todos nós.
RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade ,
"Receita de Ano Novo". Editora Record. 2008.
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